19.2.09

sinto-te em mim, avó.

não falaste porque não podias, nem uma palavra, um gesto, um sorriso. eu percebia qualquer sinal, mas ficou o silêncio em forma de dor. não choraste porque tinhas os olhos fechados, mas eu chorei por ti e ainda choro sempre que te lembro.
a tua partida silenciosa fez chorar a noite. não eram lágrimas que se perdiam, haverão sempre lágrimas, mas eu ganhei uma dor que não fiz por merecer. às vezes chamo por ti mas apenas o silêncio me responde.
guardo dentro de mim a tua imagem, a memória daquilo que foste e de tudo o que aprendi contigo… sabes, sou hoje uma pessoa melhor e devo-o a ti. a revolta da tua partida ainda mora dentro de mim, como os dias são dias e as noites são noites. senti que te roubaram à vida num gesto brusco e cruel, nem sequer te pude olhar nos olhos e dizer-te adeus. e esse adeus perdura, vive, como a tua ausência sentida e que ainda me custa aceitar.
estejas onde estiveres sei que olhas por mim e eu guardar-te-ei sempre. existe um cantinho no meu coração que é só teu, eternamente teu.
aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.

Sem comentários: